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Rodrigo Capella, defensor do agronegócio, e o ator Mateus Solano, promoveram diálogo educado durante live, em prol de um entendimento sobre os problemas que atingem o agro, como a desinformação de quem está fora do setor.
MATÉRIA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO SITE CANAL RURAL | Por: @mariobtagro.
Na noite desta quinta-feira (23), o jornalista Rodrigo Capella, especialista em marketing no agronegócio, e o ator Mateus Solano, da Rede Globo, deram uma aula de civilidade ao realizarem uma live no Instagram para dialogar sobre dois assuntos que estão entre os principais temas de discussão na sociedade: agronegócio e meio ambiente.
O agronegócio precisa se reiventar urgentemente?
Essa pergunta foi feita pelo ator Mateus Solano num comentário em uma postagem que Rodrigo Capella fez em sua página no Instagram. O comentário completo é este:
“A profissão do lixeiro deveria ser das mais aplaudidas e valorizadas. Ambos os quadrinhos falam a partir de um ponto de vista que precisa mudar o quanto antes. O agronegócio precisa se reinventar urgentemente! Viva a agricultura familiar e a permacultura”.
Deste comentário surgiu o convite para a diálogo sobre a reinvenção urgente do agronegócio. Capella como defensor do agronegócio e Solano do meio ambiente. Eu defendo os dois, assim como todos que atuam no agronegócio com base no respeito às leis.
Contudo, quem atua de forma legal no agronegócio — o que é uma grande maioria — tem sido colocado por parte da mídia e algumas pessoas influentes nas redes sociais, com destaque maior para a cantora Anitta, num mesmo pacote de maldade.
Pessoas que destroem matas, sejam elas da Amazônia, Mata Atlântica ou Cerrado, são criminosas e não produtores rurais que contribuem para o desenvolvimento do país. Precisam, sim, ser punidos, para que sirva de exemplo. Se os governos (nas três esferas) não estão cumprindo seu papel nesse sentido, o bom produtor não tem nada a ver com isso. Governos são constituídos por pessoas que também podem querer inverederar pelo crime.
Isso foi muito bem mostrado por Rodrigo Capella durante a live com Mateus Solano, onde o diálogo educado, compreensivo e informativo foi a tônica da conversa.
Ao mesmo tempo, se viu nos comentários o contrário do que os “livistas” protagonizavam. Apoiadores do agro e do meio ambiente se degladiando, enviando piadinhas e ironias, sem nem ligar para os que também enviavam comentários igualmente educados que faziam ampliar a conversa.
De minha parte, só senti falta do assunto agricultura de precisão, que é o futuro do agronegócio e atua com base num tripé: redução de custos com insumos (adubos, fertilizantes e defensivos agrícolas, todos aplicados com base em taxas variáveis, de acordo com a necessidade e no local e quantidade exata), maior produtividade (devido às apliações corretas) e maior preservação ao meio ambiente (por reduzir entre 40 a 60%, segundo estudos, a aplicação de produtos químicos).
Talvez seja um assunto para outra live, o que não tira o brilho desta que pode ser considerada um grande passo para promoção de um maior diálogo entre aqueles que defendem o meio ambiente e pouco conhecem sobre o agronegócio, e também para quem atua no agro enxergar alternativas que promovam melhor produtividade, com menos custos e com respeito ao ecossistema.
Jogar merda no ventilador e sair falando mal de todo mundo nunca será a solução para nada. Vivemos num mundo cheio de polarizações por conta da falta de diálogo entre as pessoas, de comprensão sobre os problemas do outro, seus anseios e meios para que consiga alcançar os objetivos.
Se tem uma coisa que aprendi na vida enquanto jornalista é saber ouvir o outro lado de forma a compreender e passar para o público a sua mensagem. Não ouvir apenas para dizer que ouviu, uma obrigação jornalística. É uma prática que só quem ouve tem a ganhar. Mesmo que o outro lado esteja completamente errado, algo você vai aprender em apenas ouvir, seja quem for.
Recentemente também promovi uma live no Instagram do Blog com um ator global Marcos Palmeira, também defensor do meio ambiente e produtor de alimentos orgânicos. Antes da live, deixei calro que minha intensão era apenas ouvir o produtor rural Marcos Palmeira para que contasse sobre sua experiência no setor e assim outros produtores pudessem tirar algum proveito para o cotidiano deles. Foi uma live muito informativa que contou ainda com a participação do pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Raul Castro.
Agricultura orgânica, assim como a agricultura sintrópica, familiar, a permacultura e a vegana, fazem parte agronegócio. Muitos ainda não têm essa compreensão e preferem se afastar do termo “agro” para não se misturar, por exemplo, com quem “bota veneno na comida” e “explora o meio ambiente”.
O agro não quer botar veneno na comida nem muito menos explorar o meio ambiente. Por isso mesmo é que diariamente está se reiventando em busca de soluções.
Pesquisas são realizadas nos quatro cantos do Brasil em busca de soluções mais baratas, de menor impacto ambiental e que façam o produtor rural ter mais rentabilidade numa área menor, sem necessidade de expansão. A maior parte dos produtores rurais trabalha com esse foco.
E se essas informações que mostram um pouco da realidade do setor não chegam à sociedade, o agro também tem sua parcela de culpa. Ao longo dos anos, como bem observou José Luís Tejon, maior especialista em marketing do agronegócio do país, durante uma live com Rodrigo Capella, o agro sempre fez bem a comunicação entre o setor, o business-to-business, mas deixou para segundo ou terceiro planos as ações voltadas preservação do meio ambiente dentro das próprias propriedades rurais.
Esse diálogo sobre agronegócio e meio ambiente precisa ser expandido cada vez mais entre quem atua nas duas áreas. Só assim é que haverá compreesão sobre o que um e outro realiza em prol de uma sociedade melhor, e juntos buscas soluções para outros problemas.
Parabéns a Rodrigo Capella e Mateus Solano pela live, que mais diáologos assim ocorram em nossa sociedade, não só relacionados ao agro e o meio ambiente, mas tudo que envolve um futuro melhor para todas as gerações.
Segue a live: