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Seja muito bem vinda e muito bem vindo a mais um Zona Zero!
Hoje aqui no blog nós vamos falar de uma etapa muito importante na construção da sua casa autossuficiente, que são as fundações e os pisos.
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Sem dúvida, a fundação e o piso são etapas muito importantes da sua obra. Para você que está construindo, muitas vezes na engenharia convencional, é nessas duas partes que fica a maior parte do capital da obra, tem que comprar vergalhão, concreto armado e etc. Porém, existem outras opções para que você faça isso de uma forma mais sustentável e economizando recursos financeiros.
A seguir, falaremos sobre algumas técnicas nas quais o Instituto Pindorama tem experiência, ou seja, obras que nossos colaboradores já executaram e que temos pleno conhecimento técnico.
Essa é a casa sede do Instituto Pindorama:

A fundação foi feita basicamente com pedra rachão e cimento (concreto). É uma estrutura que ficou bem sólida. Nós não queríamos usar vergalhão porque o vergalhão é o material construtivo com maior energia incorporada, então ele acaba tendo um impacto ambiental muito grande.

Construímos essa casa, que tem dois andares, utilizando apenas pedra e cimento na fundação. A casa já tem mais de 10 anos e até hoje não teve nenhum tipo de rachadura estrutural ou algo que mostre que a fundação não tenha cumprido o seu papel de dar uma base forte pra casa e para todo o peso do telhado, da alvenaria e tudo mais que foi feito nela.

Outra forma que usamos muito para as construções de pau-a-pique, que são estruturas mais leves, é utilizar a pedra embasada uma em cima da outra, assentada com uma massa de barro ou de cimento e areia. Para subir as colunas, geralmente usamos manilhas de concreto a fim de economizar tempo e madeira, colocando o vergalhão por dentro da coluna formada. Além de tempo, conseguimos economizar dinheiro e também material.

Outro tipo de apoio que usamos para as colunas são as madeiras. No caso, o eucalipto tratado (ou um eucalipto forte que você tenha no seu sítio) ou alguma madeira vermelha. Um corte chanfrado é feito nela e o bambu – ou a coluna – é apoiado por cima.
Essa madeira não tomará nem sol nem chuva, por conta do beiral que é comum ser comprido em bioconstruções. Costumamos dizer que toda bioconstrução tem que ter uma bota e um chapéu! A bota são as fundações e o chapéu é o beiral que é dimensionado em um tamanho adequado pra que você consiga poupar a fundação e as colunas, da ação da chuva e do sol.

A casa mais antiga na sede do Instituto Pindorama tem mais de 100 anos e possui um lastro de pedra em baixo, que foi assentado provavelmente com cimento ou barro na época da construção.

Acima das pedras existe uma viga de madeira deitada e acima da viga, são erguidas as colunas. A vedação é feita com pau-a-pique. Essa é uma técnica mais antiga, de uma época onde se tinha muito acesso a madeira de lei. As pessoas cortavam na mata mesmo, colocavam para secar e trabalhavam a madeira para que ela ficasse numa forma quadrada, com o enxó e o machado. Hoje em dia, temos a motosserra que facilita o trabalho e economiza tempo.

Na maioria das técnicas, o problema do piso é resolvido de duas formas: ou enchemos o vão da parte interna da casa com entulho, terra e pedra, soca e por cima disso bate o contrapiso na intenção de fazer cimento queimado, ou deixamos o vão oco e trabalhamos com caibros.

Acima dos caibros é pregado um assoalho. No Instituto Pindorama, usamos bastante a tábua de pinus, a mesma tábua utilizada para fazer caixaria de obra. Uma taboa muito barata, que pode ser utilizada para fazer o assoalho do segundo andar.

Rotineiramente trabalhamos com as casas em 2 andares, porque com isso economiza-se com a fundação e o telhado. Imagine fazer uma casa de 200m² toda térrea. Você tem mais de 200m² de telhado, contando o beiral, e 200m² de fundação. Se você faz esses 200m² em dois andares, terá metade de área de telhado e metade de área de fundação, com isso economizará. Certamente você terá o inconveniente da escada, que é algo a se considerar, mas existe uma grande vantagem de redução de custo com fundação e telhado.
Os segundos andares do instituto são todos feitos com madeiramento e tábua de obra. Essa tábua custa de R$9,00 até R$20,00 cada, dependendo da região em que você está, e que tem 3m de comprimento por 30cm de largura e mais ou menos 2,5 de espessura.
Nestas tábuas é feito com uma serra circular de bancada normal, um encaixe em “L”. Com resolvemos o problema da laje do seu segundo andar.

A laje é uma estrutura com muita energia incorporada, pois nela se trabalha com o concreto e o vergalhão, que são materiais com bastante energia incorporada e não são renováveis.
Geralmente o pinus – a madeira citada acima – é uma madeira de reflorestamento. Hoje em dia praticamente toda a produção de pinus no Brasil é certificada. No Zona Zero#2 mostramos como utilizar essa madeira também como base pro Teto Verde.

Os colombianos usam uma técnica parecida, só que muito mais sustentável e mais barata: esterídeos de bambu, mais conhecido como bambu verde. Ao abrirem o bambu, eles conseguem a base para o segundo andar.

Em cima do bambu é feita uma massa de calfitice (cal, fibra, cimento e terra). A aparência é de cimento queimado e fica bastante rígido.

A fibra do sizal evita que essa massa rache, já o acabamento pro segundo andar utiliza basicamente bambu, terra, sizal e um pouco de cimento.

No Simpósio de Bioarquitetura que realizamos uma vez por ano em Nova Friburgo/RJ, nós trouxemos o arquiteto colombiano Luiz Carlos Rios. Ele demonstrou a utilização dessa técnica nas obras que faz na Colômbia.

O cimento queimado é uma técnica que vem sendo utilizada há muitos anos. A arquitetura contemporânea também usa, principalmente quando você escolhe aquela estética do concreto aparente e tudo mais.
Você também pode trabalhar o cimento queimado colocando ladrilho hidráulico, pequenos detalhes ou mosaicos para dar uma estética diferente. Outra opção é o pó xadrez para dar cores diferentes pra esse cimento queimado. Nós super recomendamos que você utilize na sua casa autossuficiente… Principalmente nas áreas molhadas como banheiro e cozinha, onde você não vai conseguir utilizar a madeira e o assoalho!
Se você gostou do que leu aqui, se achar que aprendeu alguma coisa, compartilhe com seus amigos! Assim, mais pessoas terão acesso a essas técnicas de bioconstrução que vão ajudar o planeta, utilizando materiais mais ecológicos e menos dependentes da indústria química ou metalúrgica.
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