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Zona Zero na Permacultura é o principal centro de atividades, planejado para a conservação de energia e para ajustar-se às necessidades de seus ocupantes. Nesta série focaremos nos erros e acertos no desenvolvimento de uma casa autossuficiente construída com muitos materiais locais e de reaproveitamento.
Nesta série de artigos para o Blog Viver Fora do Sistema e Videos para nosso Canal no Youtube , contaremos nossa experiência, nosso dia-a-dia, desafios, sucessos e fracassos relacionados a construção de uma vida mais autossuficiente baseada nos princípios da Permacultura.
Em 2014 começamos a construir uma casa com o desejo que ela fosse o mais autossuficiente possível e construída com muitos materiais locais e de reaproveitamento.
Esta casa foi o estudo base para a produção do livro e e-book “Permacultura para Organizações e Casas Ecológicas” lançado em 2016 pelo Instituto Pindorama.
Adobe ou Taipa de Pilão?
A princípio eu queria fazer a casa com adobes, porém descartamos esta técnica por conta de alguns fatores, como falta de espaço pra secagem dos blocos de adobe e o tempo necessário para produção e secagem dos mesmos, uma vez que havia certa pressa em terminar a casa.
A taipa de pilão era outra técnica desafiadora que produz resultados fascinantes, porém a nossa falta de experiência com formas para obras grandes nos fez desconsiderar o uso naquele momento.
Decidimos então usar os tijolos de solo-cimento uma vez que tínhamos acesso a uma máquina hidráulica com a qual conseguíamos produzir cerca de 350 tijolos por dia. Era uma prensa da Ecomáquinas que foi comprada para a construção de um Ashram em Penedo, Itatiaia – RJ em 2012 executados por um parceiro do Instituto Pindorama. Nossa participação no projeto foi desenhar a planta de acordo com o Vastu Shastra (Feng Shui indiano) e para iniciar o projeto com a construção do canteiro de obras e da fábrica de tijolos.
Prensa hidráulica Eco Brava da Eco Máquinas
Quando a máquina Ecobrava chegou, instalamos ela num sítio 1km abaixo do Instituto Pindorama onde existia energia trifásica e também um grande talude que nosso vizinho gostaria que fosse recortado. Precisávamos de cerca de 11.000 tijolos e canaletas para construir o projeto de 160m² com 2 andares e uma varanda face norte.
O processo de produção dos tijolos trouxe alguns desafios no início da produção, porém rapidamente conseguimos chegar um bom traço que resultava em tijolos muito resistentes.
Prós da construção com Tijolo de Solo-Cimento
Pontos positivos
- Não precisa de espaço coberto para cura
- Rápida produção com mecanização
- Não necessita de reboco
- Rápida construção
- Utiliza barro do próprio local
- Dispensa montagem de caixarias para vigas e colunas
Contras:
- Uso de vergalhões para travamento da obra
- Necessita de mão-de-obra qualificada para trabalhar com tijolo aparente
Apesar de não necessitar de reboco, deve-se considerar o tempo para fazer o rejunte dos tijolos, caso contrário as paredes ficam com frestas. Também você pode sentir a necessidade, como nós sentimos, de rebocar pelo menos uma das paredes de cada cômodo e pintar com cal ou uma geotinta bem clara pois o tijolo escurece os ambientes. No quarto da nossa bebê nós fizemos uma tinta atóxica usando cal, clarofilito e um pouco de cola branca.
Conclusão
No fim das contas acho que valeu à pena utilizar esta técnica pois ganhamos tempo, a construção era bem urgente, economizamos pois nós mesmos fabricamos os tijolos e depois ainda vendemos a máquina. A casa ficou com um aspecto rústico porém mais bem acabado e ficou bem confortável internamente. A intenção não era de ser uma obra radicalmente cimento zero, o objetivo principal era redução do uso de materiais com muita energia incorporada e a pegada ecológica desta casa se comparada com as técnicas construtivas convencionais.
Nos próximos episódios vamos mostrar alguns cômodos internos e falar um pouco mais sobre o processo de construção.
Assista o primeiro episódio: https://youtu.be/RY3pFYUIVSg
