ZonaZero#2: Teto Verde , Bambu, Drenagem e Isolamento Térmico

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Hoje eu vou contar pra vocês um pouquinho da história da construção do teto verde da casa autossuficiente. Vou falar um pouquinho sobre o método construtivo, sobre alguns desafios que tivemos por aqui, erros e acertos.

Vou mostrar algumas fotos de como a gente posicionou os bambus em cima da cinta de amarração de concreto armado que a gente fez após a última fiada do tijolo de solo-cimento.

Etapa da obra, colocando o telhado.

Na verdade esse cinta de amarração era totalmente dispensável, uma vez que acima das vergas das janelas a gente já utilizou blocos canaleta, que têm um vergalhão por dentro e eles já servem como cinta de amarração. Acontece que, na época, um arquiteto amigo meu esteve aqui e insistiu que eu colocasse uma cinta, mas no final das contas foi só mais um peso extra na obra e também trouxe uns desafios na hora de fazermos o arremate interno dessa cinta.

Vou mostrar pra vocês o que a gente teve que fazer. Tivemos que colocar isopor entre os caibros de bambu para poder vedar contra o frio do exterior e também tivemos que colocar ripas de bambu para tapar aquela cinta de concreto, que fica aparente, e disfarçar o isopor que fica entre os bambus. Este foi um desafio da parte de acabamento.

No teto verde em si, a gente utilizou como base, logo acima dos caibros, tábuas de pinos. A gente fez um encaixe macho e fêmea e resinou com resina de mamona. Isso conferiu maior resistência e durabilidade à essas tábuas, porque fica tipo uma capa acrílica bem grossa em cima da tábua, o que ajuda a inibir a ação de cupins, umidade e tudo mais.

Por cima dessas tábuas a gente colocou papelão, isopor e plástico para criar uma camada fofa de amortecimento para depois colocar uma lona especial para teto verde.

A gente fez o sistema de drenagem com flanges caindo dentro de uma calha coletora utilizamos encanamento soldável marrom. Por cima do teto verde a gente colocou o aquecimento solar, o boiler e também colocamos o sistema de captação de energia solar. Além disso, a gente trabalhou com uma camada de solo não muito grossa, utilizando trapueraba e grama.

A nossa avaliação final é de que foi um grande acerto, a casa fica muito confortável durante o inverno, ela fica bem quentinha, mantendo uma temperatura média de 22 graus, mesmo estando uma temperatura variando de 8 a 12 graus. No verão ela também fica confortável. Três meses aqui (dezembro, janeiro e fevereiro), quando está muito quente, o segundo andar da casa pode ficar desconfortável, mas isso se dá apenas pelo motivo de eu ainda não ter colocado um sistema para abrir as claraboias, um basculante ou algo do tipo, para que o ar quente possa ser eliminado pelo efeito chaminé.

Como aqui nós temos 9 meses de frio e apenas 3 meses de calor, por enquanto não é um desconforto pra gente o segundo andar ficar um pouco mais quente durante o dia.  A noite não tem problema pois, mesmo no verão, os quartos ficam frios.

Um problema que nós tivemos com a vala de drenagem é que havíamos colocado argila expandida dentro de um saco de hiperadobe, que é um saco vasado, só que isso começou a reter muita água no telhado, a ponto dele transbordar.    

A gente percebeu que esse sistema de filtragem com argila expandida dentro do saco de hiperadobe estava retardando demais a drenagem da água, com isso a gente removeu e deixou limpo, para que a água pudesse escorrer mais rápido.

Esse foi um problema que a gente teve, porque como a água começou a empoçar no telhado, nos pontos mais críticos, onde tivemos que cortar a lona, como na chaminé ou na base de energia fotovoltaica, por exemplo, a lâmina de água se levantou demais e acabou se infiltrando no telhado. Isso se resolveu prontamente a partir do momento em que a gente melhorou o sistema de drenagem para que essa água escoasse mais rapidamente do teto verde após uma forte chuva.

Outra coisa que nós também fizemos foi pregar um filete de sombrite para proteger a lona do sol porque tem um pedaço que a vegetação demora para preencher e com isso a lona fica exposta ao sol, o que diminui a sua vida útil. Nesse pedaço onde removemos a argila expandida, que era o dreno eu também vou colocar um filete de sombrite para evitar que essa lona fique exposta ao diretamente sol, como acontece hoje. A lona já está exposta ao sol há mais de 1 ano, porém como ela tem garantia de 20 anos tomando sol e chuva, quando ela está protegida com vegetação o fabricante diz que ela tem mais de 100 anos de durabilidade.

A gente também já executou teto verde com lonas mais baratas, utilizando aquela lona azul e plástico de estufa. Ele já tem mais de 8 anos e até hoje não apresentou infiltração.